terça-feira, março 13, 2007

Carta Aberta

No número 1784 do Jornal Expresso, publicado no passado dia 6 de Janeiro, o colunista Miguel Sousa Tavares desferiu um violentíssimo ataque contra os professores (que não queriam fazer horas de substituição), assim como contra os médicos (que passavam atestados falsos) e contra os juízes (que, na relação laboral, pendiam para os mais fracos e até tinham condenado o Ministério da Educação a pagar horas extraordinárias pelas aulas de substituição). Em qualquer país civilizado, quem é atacado tem o direito de se defender. De modo que a professora Dalila Cabrita Mateus, sentindo-se atingida, enviou ao Director do Expresso, uma carta aberta ao jornalista Miguel Sousa Tavares. Contudo, como é timbre dum jornal de referência que aprecia o contraditório, de modo a poder esclarecer devidamente os seus leitores, o Expresso não publicou a carta enviada. Aqui vai, pois, a tal Carta Aberta, que circula pela Net. Para que seja divulgada mais amplamente, pois, felizmente, ainda existe em Portugal liberdade de expressão.

SPRC . FENPROF (Viseu)

( viseu@sprc.pt)

Carta duma professora :

«Não é a primeira vez que tenho a oportunidade de ler textos escritos pelo jornalista Miguel Sousa Tavares. Anoto que escreve sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo quando depois se verifica que conhece mal os problemas que aborda. É o caso, por exemplo, dos temas relacionados com a educação, com as escolas e com os professores. E pensava eu que o código deontológico dos jornalistas obrigava a realizar um trabalho prévio de pesquisa, a ouvir as partes envolvidas, para depois escrever sobre a temática de forma séria e isenta.
O senhor jornalista e a ministra que defende não devem saber o que é ter uma turma de 28 a 30 alunos, estando atenta aos que conversam com os colegas, aos que estão distraídos, ao que se levanta de repente para esmurrar o colega, aos que não passam os apontamentos escritos no quadro, ao que, de repente, resolve sair da sala de aula. Não sabe o trabalho que dá disciplinar uma turma. E o professor tem várias turmas. O senhor jornalista não sabe (embora a ministra deva saber) o enorme trabalho burocrático que recai sobre os professores, a acrescer à planificação e preparação das aulas. O senhor jornalista não sabe (embora devesse saber) o que é ensinar obedecendo a programas baseados em doutrinas pedagógicas "pimba", que têm como denominador comum o ódio visceral à História ou à Literatura, às Ciências ou à Filosofia, que substituíram conteúdos por competências, que transformaram a escola em lugar de recreio, tudo certificado por um Ministério em que impera a ignorância e a incompetência.
O senhor jornalista falta à verdade quando alude ao «flagelo do absentismo dos professores, sem paralelo em nenhum outro sector de actividade, público ou privado». Tal falsidade já foi desmentida com números e por mais de uma vez. Além do que, em nenhuma outra profissão, um simples atraso de 10 minutos significa uma falta imediata. O senhor jornalista não sabe (embora a ministra tenha obrigação de saber) o que é chegar a uma turma que se não conhece, para substituir uma professora que está a ser operada e ouvir os alunos gritarem contra aquela «filha da p...» que, segundo eles, pouco ou nada veio acrescentar ao trabalho pedagógico que vinha a ser desenvolvido. O senhor jornalista não imagina o que é leccionar turmas em que um aluno tem fome, outro é portador de hepatite, um terceiro chega tarde porque a mãe não o acordou (embora receba o rendimento mínimo nacional para pôr o filho a pé e colocá-lo na escola), um quarto é portador de uma arma branca com que está a ameaçar os colegas. Não imagina (ou não quer imaginar) o que é leccionar quando a miséria cresce nas famílias, pois «em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão». O senhor jornalista não tem sequer a sensibilidade para se por no lugar dos professores e professoras insultados e até agredidos, em resultado de um clima de indisciplina que cresceu com as aulas de substituição, nos moldes em que estão a ser concretizadas. O senhor jornalista não percebe a sensação que se tem em perder tempo, fazendo uma coisa que pedagogicamente não serve para nada, a não ser para fazer crescer a indisciplina, para cansar e dificultar cada vez mais o estudo sério do professor.
Quando, no caso da signatária, até podia continuar a ocupar esse tempo com a investigação em áreas e temas que interessam ao país. O senhor jornalista recria um novo conceito de justiça. Não castiga o delinquente, mas faz o justo pagar pelo pecador, neste caso o geral dos professores penalizados pela falta dum colega. Aliás, o senhor jornalista insulta os professores, todos os professores, uma casta corporativa com privilégios que ninguém conhece e que não quer trabalhar, fazendo as tais aulas de substituição. O senhor jornalista insulta, ainda, todos os médicos acusando-os de passar atestados, em regra falsos. E tal como o Ministério, num estranho regresso ao passado, o senhor jornalista passa por cima da lei, neste caso o antigo Estatuto da Carreira Docente, que mandava pagar as aulas de substituição.
Aparentemente, o propósito do jornalista Miguel Sousa Tavares não era discutir com seriedade. Era sim (do alto da sua arrogância e prosápia) provocar os professores, os médicos e até os juízes, três castas corporativas. Tudo com o propósito de levar a água ao moinho da política neoliberal do governo, neste caso do Ministério da Educação.

Dalila Cabrita Mateus, professora, doutora em História Moderna e Contemporânea».

Posteriormente, espera-se conseguir e postar o dito texto do jornalista Miguel Sousa Tavares.

domingo, março 11, 2007

Pimbalhada

Já há uns anos para cá que vou acompanhando os Festivais da Eurovisão da Canção. Vou verificando a grande evolução dos demais países europeus, afastando-se e bem, do antigo classicismo, inovando com géneros pop, rock, etc.
As produções aumentaram, as músicas são mais modernas, o que decididamente contribui para o espectáculo e para uma maior adesão e abrangência de público. Ora, contrastando com isto, encontra-se a pequenês e mediocridade das apresentações portuguesas. Facto verificável pelas posições ocupadas de largos anos a esta parte, dos nossos representantes. Foram vários os formatos adoptados pela produção nacional deste espectáculo (possivelmente impostos por critérios internacionais), o nosso Festival da Canção; votação com júri, composto por ilustres da música portuguesa, e a relativamente recente votação efectuada pelo público. Ora, pergunto eu; será que ninguém mais vê o Festival da Eurovisão? Será que ninguém reparou nos lugares ocupados e na própria exclusão em certos anos, da representação portuguesa, devido à sua fraca pontuação? Será que ninguém se apercebe que isso se deve à enorme falta de qualidade das composições apresentadas? Dos artistas até nem nos podemos queixar, mas de que vale ter um Pavarotti a cantar, se aquilo que lhe sai da boca é uma cantarola de lavar roupa no rio?
O facto, é que continuamos a ser um país de Zé Povinho, e isso verifica-se na canção vencedora deste ano. Uma bela cançoneta para imigrante, para os bailes dos santos populares, para cassete de venda na feira do 23, para o intervalo de uma qualquer partida futebolística entre solteiros e casados. Uma fiel representante da música pimba, produzida pelo seu rei, o grande Emanuel... E acho que isso diz tudo...

sábado, fevereiro 11, 2006

Betty Boop

Sinto-me sem brilho. Visto-me de preto, de cinzento. Passo por alguém na rua que me grita: -"Precisas de vermelho na tua vida..."
Sou uma figura a preto e branco numa televisão a cores. De cada vez que tento dar um salpico de cor, tarnsborda a irreal. Não me assenta.
Não consigo sobressair. Já não consigo sobressair. Não tento sobressair. Quero permanecer despercebido. Tem as suas vantagens; observo melhor o que me rodeia e reconheço uns quantos mais como eu. Mas cada um vive no seu mundo à parte. Sabemos da existência uns dos outros mas não nos diluímos. Somos todos capítulos de um filme mudo, separados por uma imagem com texto, sem contexto...

Coisa simples que odeio: Parte2

Legendas em português do Brasil. Não tenho nada contra os brasileiros, apenas acho que não deviam fazer traduções, quanto mais publicá-las (legendas, neste caso). Quantos foram os filmes que sacaram da internet, que posteriormente tiveram que ir sacar as suas legendas? E quantas dessas legendas eram em português do Brasil? E quantas estavam uma lástima? 90% delas no mínimo.
Palavras mal traduzidas, muitas das vezes porque o som da palavra lhes lembrava outra qualquer, não dando sequer atenção ao contexto. Outras vezes, desconhecem por completo a tradução, mas teimam em colocar algo lá na mesma. E as expressões?! Muitas vezes não são de tradução fácil, concordo, visto não existirem equivalentes na língua de tradução, mas existem equivalentes; adaptações. O que interessa é o contexto, mas teimam em traduzir à letra e o que acontece? Perde por completo o contexto. Torna-se ridículo.
E quando teimam em colocar o seu calão nacional?! Isso então é de morte. Se um brasileiro do Nordeste e outro do Rio de Janeiro estivessem a traduzir o mesmo texto, imaginem a salganhada que ía dar. Sejam coorentes. O contexto, o público, o país de origem do filme, os autores, são tudo factores a ter em conta, e a tradução tem que se adaptar e moldar a isso tudo. É uma responsabilidade que ultrapassa a individualidade do tradutor. O melhor é ficarem quietos, para não juntarem ao não saberem entoar línguas estrangeiras (inglês principalmente), o não saberem traduzilas.

terça-feira, abril 12, 2005

Aos novos membros

Sejam benvindos. Espero que a estadia seja longa e frutuita. Espero que usem e abusem do nosso 'Blog' e acima de tudo, que 'postem' bastante. É mesmo para 'postar' sobre tudo e sobre nada e não tenham medo dos possíveis comentários; aí reside o interesse deste blog. Ah, e não se esqueçam de publicitar o site; se quiserem convidar novos membros, estejam à vontade. Não se esqueçam é de ser relativamente selectivos, para isto não se tornar uma palhaçada. Fiquem bem e bons 'posts'.

segunda-feira, abril 11, 2005

Crosta

Paredes escuras, humidade viva e sofucante.
Doce lar infernal que me embriaga os sentidos
E me faz seu escravo, um defunto amante.
Não sou mais que isso desde tempos antigos...

As minhas vísceras já as consumi eu próprio;
Entusiasmei-me com falsas e frágeis esperanças
Que findaram antes mesmo de se tornarem vício,
E tornando os meus fortes desejos em atitudes mansas...

Alimentava-me de mim próprio sofregamente
Para não morrer consumido pelo meu cubículo.
E assim lá ía sobrevivendo dolorosamente,
Deixando a Morte abandonada e o Diabo fulo.

Agora que me conheço por dentro e por fora,
Submeto minha alma e espírito aos meus caprichos.
Expulsei-os de mim e em muito boa hora.
Não passavam de vermes, repelentes bichos.

Os espíritos, outrora atrás de minha alma,
Atacam-me, atazanam-me, enlouquecem-me.
Riem-se de mim, ouço-os à noite na cama.
Cheio de medo e intranquilo querem ver-me...

Não me dão um minuto de tréguas que seja.
Querem os restos que deixei de mim próprio
Mesmo que nas derradeiras forças eu me veja,
Querem-me desperto, alerta e sóbrio...

Chupam-me as entranhas até ao tutano;
Sou seu alimento e desprezível brinquedo;
Uma oferenda para um deus tirano,
Que se livrou de meus irmãos muito cedo...

Vagueio de mão em mão à espera
De que um dia felizmente me abandonem.
Era o princípio de uma nova Era;
Desejem-me isso, rezem e sonhem.

Necessito de liberdade; não, de ser livre!
Longe da merda, perto da vida...
Talvez o único sítio onde nunca estive,
Pois sou alguém que só com a Morte lida.

Com Ela faço todo o tipo de jogos,
Mas o que mais gosto é o da 'Escondidas'!
Digo-lhe: -'Não me apanhas agora, talvez mais logo!'
E enfadada vai ceifar outras vidas...

Mas morrerei e tal como nasci,
Sem nada e com nada para sempre.
Com um vazio foi como vivi...
Quem me dera ainda estar no ventre...

Fénix

Só para dizer que este ano não me está a correr nada bem. Tenho a vida cheia de nós, e todos por culpa minha, o que ainda é pior. Caminhos mal escolhidos, que só levam a outros mais por percorrer, sem nunca chegar ao destino. Já vai parecendo uma bola de neve, que só vai ganhando peso e força, sem perspectivas de parar. O que nos resta quando o desespero começa a assolar? Quando deixamos de ver a luz ao fundo do túnel? Quando deixamos de ter forças para aguentar a situação? Quando não vemos ninguém a quem recorrer e realmente nos possa ajudar? Quando os nervos e os nossos fantasmas nos consomem de tal maneira, que já vamos começando a parecer apenas uma sombra daquilo que já fomos um dia, e lentamente vamos nos dando conta que nos estamos a tornar algo que sempre abominámos, que nunca achámos que ía acontecer connosco, que desdenhávamos ao vê-lo nos outros... Para alguns, a resposta é fácil, rápida , eficaz e letal. Para outros, vai passando por substâncias que não nos tiram do limbo, apenas o pintam de outra cor.
Há quem tente se agarrar às pequenas coisas boas que ainda vai tendo, mas a bola de neve acabará por as destruir também. No fundo, a única solução para os nossos males, encontra-se no mesmo sítio onde estes tiveram início...

Mais não tenho. Mais não tenho que a mim próprio.
Mais não posso contar. Mais não posso contar que com a minha fiel pessoa.
Mais não posso culpar que ao meu 'Eu'.
Em mais não posso confiar que em mim.
De mais não posso esperar do que de mim próprio.
Sozinho...
Nem em dois me posso desdobrar...
A água; a simples água que nem tem vida... Forma? Pelo menos três!
Pois...
E que lugar terão aqui as eloquências poéticas?
Não falemos no espírito e alma, sonho e imaginação...
Morto não as levo! Pois então vivo, não as quero.
Quero-me. A mim. Mesmo que não chegue...

Uma imponente Fénix que renasce das cinzas...

quarta-feira, março 30, 2005

Salut!

Tenho estado a ler as cenas que introduziste e estou a gostar, está a ficar interessante, no entanto, há um senão ... CUIDADO k os comentários relacionados k o sexo feminino!! Podes ferir e criar verdadeiras inimigas!!! Mais um passo nessa direcção e serás bombardeado k imagens, anedotas, mini filmes ect. bastante femininos!!
Agora a sério, em relação "Da Vinci Code", tens razão!! Ainda não terminei de lê-lo, mas...promete!!!
Boa continuação ;)

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Caruncho

Estou no meio de um bosque...
Cavo uma vala no chão...
Deito-me nela, e deixo-me estar...
Cubro-me de terra...
Ao fim de uns dias, já sou amigo dos bichos...
Ao fim de umas semanas, já tudo são raízes...
Ao fim de uns anos, sou um belo carvalho...
Quando dou por mim, sou um caixão...

Ao ataque outra vez!

Pois é! Depois de uma longa travessia no deserto, aqui estamos nós outra vez. Desabafos, piadas, pensamentos, críticas, etc. Tudo e nada é motivo para 'postar'. E por favor, sintam-se à vontade para o fazer.
''Um dia, nem a morte me destruirá...''

Português/Inglês

Estive a fazer uma breve visita pelos variados Blogs existentes, e reparei que à partida, entrei logo a perder. Os Blogs escritos em Inglês têm muito mais a ganhar! Pelo menos no que diz respeito à globalização dos seus intentos. Reparei que existiam uns quantos em Árabe, outros em Portugês, Espanhol, mas a maior parte em Inglês (UK) ou (USA). Ao deparar-me com o Blog árabe, dei-me conta do que deve acontecer aos alienados que se deparam com os nossos (Tugas). Não percebem patavina (passo a expressão). Ao invés, os de língua de Sua Majestade têm muito maior alcance...
Bem, posto isto, restavam-me algumas soluções; ou escrevia em Inglês, ou traduzia em consonância. Optei por nenhuma das duas. ''...CONTRA OS CANHÕES, MARCHAR, MARCHAR...''

O Código Da Vinci

Já alguém leu? Se sim , façam um comentário no Blog. Se não leram, aconselho vivamente a fazerem-no. E cá estaremos à espera do 'Post'.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Coisas simples que odeio

Cada um tem os seus pequenos ódios de estimação. Eu vou enunciar alguns dos meus:
1- Mulheres e Multibanco- É uma dupla dos diabos! Já repararam na seca que nos pregam, nas caixas Multibanco, ou quando estamos numa fila de pagamento? Mesmo depois de finalizarem a operação, ficam à frente do multibanco a consultarem o recibo, ou , pior, a demorarem uma eternidade a voltarem a arrumar o cartão na carteira, que por sua vez está na bolsa, que por sua vez tem uma data de secções onde nada cabe, mas tem tudo... E nas filas de pagamento é exactamente a mesma coisa. Bazem daí que está mais gente à espera!
2-Mulheres às compras- É o eterno cliché, mas tem que ser enunciado. Mas porquê que têm que ver cada peça, cada cor dessa peça, cada secção, cada loja?... E no fim , o mais importante não vêem... O preço! E porquê que fazem questão que as acompanhemos para este calvário?
3- Palas de Alcanena- Este é para aquelas pessoas que vão no passeio, e acham sempre que os outros é que têm que se desviar. Os burros é que usam palas para não mudarem de direcção!
4- Cobras cuspideiras- Não têm um amigo que tem por graça de Deus, falar com a cara dele colada à vossa? E normalmente tem um repertório de gafanhotos infindável... (Normalmente é aquele que quando caminha ao nosso lado, acha que o trajecto tem que ser feito em cima de nós).
Por hoje chega, mas virá a continuação...